Canal: Via Campesina (LVC)
Signatários: Evo Morales Ayma
Tipo de documento: Comunicados e declarações
Língua: Espanhol
Assunto: Conferência Internacional Direitos Humanos
As palavras-chave: Agricultura, Autodeterminação, Bem Viver, Direitos da natureza, Saúde
Países e Regiões: Bolívia, América Latina
Quero felicitar todos os companheiros e as companheiras que compõem Via Campesina e agradecer seu apoio incondicional aos nossos movimentos sociais nestas décadas de trabalho inesgotável. Igualmente, assinalar que o nosso compromisso e a nossa militância nos mandatos e filosofias da Via Campesina são mais firmes do que nunca. Nestes anos de governo, não fizemos outra coisa, senão preservá-los, ampliá-los, fortalecê-los e levá-los à prática como aconselha uma consciência política conseqüente.
Hoje, mais do que nunca, devemos debruçar-nos sobre novas propostas, programas e plataformas de luta sindical que ajudem conter a agressão imperial contra os nossos povos e, ao mesmo tempo, contribuam para vencer o flagelo da extrema pobreza, tarefas inadiáveis, simultâneas e imediatas.
América Latina está vivendo uma nova onda de agressões externas para dividir-nos, para impedir que continuemos avançando e para reverter enormes conquistas a favor dos nossos povos mais sofridos, excluídos e dominados no passado. Via Campesina é a nossa trincheira de luta e o seu trabalho insubornável nos inspira para aprofundar neste processo de mudança.
Devemos estar prevenidos para enfrentar a dupla ameaça que paira sobre a nossa região: o pacto nefasto entre os que militam no Acordo do Pacífico, com a intenção de reeditar o fracasso da ALCA, e aqueles que solicitam colonialmente operações militares da OTAN, insatisfeitos com as bases militares instaladas nos seus países e inconformados com o poderio vigilante e ameaçante do Comando Sul e a IV Frota Naval dos EUA, estacionados perto das nossas costas e nos nossos territórios soberanos.
Da nossa modesta trincheira de luta que hoje é a Bolívia, onde os movimentos sociais governam para emancipar-se dos colonialismos fracassados, quero lhes pedir que estejam atentos para defender as revoluções de libertação que os nossos avôs começaram; que os nossos próceres da liberdade continuaram e que nós devemos defender com as nossas vidas.
Nunca, em nenhum período da história da humanidade, os movimentos sociais foram tão agredidos, e as nossas lutas tão hostilizadas e perseguidas pelo imperialismo, para recuperar os recursos naturais. Nunca se atacou tanto e em tão pouco tempo e com tantas armas traiçoeiras as decisões que hoje devolvem a soberania e a dignidade aos nossos povos. Por isso convoco a continuar juntos e continuar trabalhando por um mundo mais justo e por um futuro mais promissor.
Reitero o meu compromisso militante de dirigente indígena-camponês, que neste momento histórico tem o mandato o povo boliviano para levar adiante a tarefa de construir um Estado Plurinacional baseado na justiça social. A Bolívia é e continuará sendo uma aliada estratégica dos movimentos sociais internacionais na sua luta contra o capitalismo depredador e sua expressão colonial ligada à economia verde que só pode piorar a crise climática na que vivemos, e perpetuar a pobreza à que nos submeteram.
Desejo que a VI Conferência Internacional, a realizar-se na Indonésia de 6 a 12 de junho, sirva de melhor cenário para ratificar o compromisso pelos pobres de sempre e para todos os pobres do mundo. Só a libertação dos nossos povos e sua independência total nos fará dignos, soberanos e orgulhosos. Globalizar a luta para irradiar a revolução é o nosso mandato.
EVO MORALES AYMA