Fonte: E-jousour.
Data: 18 de abril de 2013.
As palavras-chave: Sudão, Zona de conflito, Segurança alimentar.
O Conselho de Segurança da ONU e a União Africana (UA) devem atuar imediatamente para que cessem os ataques indiscriminados no Cordofão do Sul, assinala Anistia Internacional no seu mais recente relatório colocando de relevo a necessidade urgente de acesso à ajuda humanitária nas zonas de guerra.
Os bombardeios, a ausência de ajuda humanitária e os deslocamentos em massa, que modificaram a produção agrícola, são alguns dos muitos fatores que colocaram os civis das zonas sob o controle do Exército Popular de Libertação do Sudão-Norte (APLS-Norte por suas siglas em francês) no Cordofão do Sul, em uma situação muito precária. Certamente, a situação vai piorar nos próximos meses à medida que as reservas de alimentos acabarem e as chuvas alagarem as rodovias tornando-as intransitáveis.
“A comunidade internacional acompanha de perto esta catástrofe. A situação humanitária é cada vez pior nas zonas de conflitos no Cordofão do Sul. Chegou o momento de uma ação articulada, disse Khairunissa Dhala, especialista no tema do Sudão do Sul em Anistia Internacional.
“Os ataques indiscriminados devem cessar imediatamente e a comunidade internacional deve pressionar as autoridades sudanesas para que viabilizem o acesso imediato e ilimitado da ajuda humanitária”.
Khadija Al’hamr, uma mulher idosa que mora em Um Serdiba, no Cordofão do Sul, descreveu à Anistia Internacional as conseqüências de um bombardeio perto de sua casa que matou a vizinha Naima Kuku e sua neta Amal.
“Naima Kuku foi despedaçada, recolhi o que sobrou dela para enterrar. As bombas cortaram Amal pelo meio, ela estava grávida (…). Não estamos agüentando mais, é preciso acabar com esta situação. Parem os aviões!”.
Anistia Internacional confirmou os bombardeios realizados pelo Exército do Sudão no auge da lavoura e da colheita, que provocou um verdadeiro desastre para os meios de subsistência da população. Segundo a Rede de Sistemas de Alerta contra a Fome (FEWS NET), a maioria das pessoas deslocadas estará exposta a níveis críticos de segurança alimentar durante a estação de chuvas, nas próximas semanas.
Os bombardeios perturbaram profundamente as atividades do dia-a-dia, como a agricultura e a educação. Quando as circunstâncias permitem, as escolas funcionam ao ar livre, para que professores e alunos tenham a possibilidade de correr aos refúgios e às grutas situadas nos arredores. O acesso aos serviços de saúde e de água potável também foi gravemente prejudicado, o que priva a população de direitos fundamentais.
Devido ao conflito, o número de pessoas que fogem do Sudão do Sul aumenta: mais de 70 000 pessoas estão refugiadas no campo de Yida no Estado de Unidade, mas continua chegando gente todos os dias. A ONU prevê que para o mês de maio o número atingirá os 100 000 refugiados.
Há muita dificuldade para receber a população, são cada vez mais e mais pessoas na base de refugiados de Yida. É impossível proporcionar-lhes os serviços apropriados. Assim, os refugiados se resignam e partem para outros acampamentos antes da chegada das chuvas.
Anistia Internacional exorta as autoridades do Sudão do Sul e os organismos internacionais a garantirem o acesso dos refugiados aos serviços básicos em todas as bases de refugiados, entre eles a educação.
“Ao cabo de quase dois anos, a guerra no Cordofão do Sul e a crise humanitária que provocou prejudicaram gravemente os direitos humanos fundamentais da população, explicou Khairunissa Dhala.
“As autoridades sudanesas perseguem e prendem qualquer pessoa que denuncie a situação no Sudão”.
Anistia Internacional está muito preocupada com a saúde de 32 mulheres detidas por sua suposta filiação ao Movimento Popular de Libertação do Sudão do Norte (MPLS-N) ala política do Exército Popular de Libertação do Sudão-Norte (APLS-N). Levam mais de cinco meses na cadeia sem que tivessem sido acusadas formalmente e não têm advogados.
O relatório intitulado Sudan: Civilians caught in unending crisis in Southern Kordofan exige uma investigação independente das supostas violações do direito internacional humanitário e relativo às violações dos direitos que pudessem ter cometido as partes em guerra, entre elas as autoridades sudanesas e o APLS-Norte.
Fonte: Anistia Internacional.